terça-feira, 18 de setembro de 2012

A monstruosidade no meu eu, Macabéa




Sentindo-me numa grande ilha... mas agora de certa forma, sinto uma enorme vontade de nadar, que seja contra ou a favor as várias correntezas...
Descobri em mim aquilo que me fez autêntica... descobri não, lembrei-me.

Há muito corria para lugares estranhos aos quais eu deveria estar, estranhos a mim, a minha essência. Não digo natureza pelo determinismo, que durante muitas vezes impôs barreiras contra meu ser.

O medo de se expandir, o medo de ir além de si mesmo, o medo que nos corrompe, o medo que nos cala. Um dia céticos, no outro hipócritas... Sentia-me assim! Sinto-me assim. Calei-me frente àquilo que me receava, a vida como um todo... em questão sociais, políticas, familiares, [...].
Ainda estou nessa ilha. Hoje frente a prédios que rondam minha vida, tantos apartamentos, tantos números, tantos robôs, e tantas falas, e tantas pessoas, e a própria carência, a necessidade do "ater-se" seja em quem for, nos prende em nós mesmos... nos silencia.

E tantas vozes que ainda não dizem nada.

A partir de Kafka, uma questão retrógrada passou a rondar meus questionamentos novamente.
A morte de Gregor liberta os outros, traz a libertação de si mesmo, traz a libertação para tantos.
Ele nem sabia quem era, para que veio, qual função de fato deveria estabelecer, e se tinha ou não que estabelecer alguma função em vida de modo tão taxativo. Era um ser vazio de si mesmo. No niilismo de sua alma, deu-se tantos aos familiares que mortificou seus desejos, carcerou sua liberdade no início do outro... e Quando o oposto ocorreu, quando os outros tiveram sua liberdade perdida pela monstruosidade de seu novo ser, aliás, de algo que de certa forma emblemática o tentava ser, eles não aguentam. Elas não conseguem se ver encarcerados por Gregor...
Daí sua morte ser a liberdade. E também a consequência. Liberdade para aqueles que se prenderam a questionamentos vagos, sem respostas. E consequência daquilo que ele não foi, na sua invalidez, na falta do existir...

e novamente vem o questionamento, a morte então seria o maior símbolo da liberdade e da 'cura' imediata de todas as angústias daquilo que não se é?

Se assim o for, chamo Ismália de Guimaraens mais uma vez... e como ela se jogou do farol, "viu sua alma subir aos céus e seu corpo descer ao mar", faço o mesmo. Subo para a "janela da vida"
e me derramo na vastidão de tudo aquilo que um dia eu me fiz ser para suprir o vazio do outro, e busco nessa tentativa irremediável aquilo que eu queria ser e que não fui. Dou, assim, a liberdade para outrem e a mim, a cura de todas as angústias do mundo inteiro... do sentimento de incapacidade de simplesmente existir. Intitulo, agora, de Macabea Ismália Samsa.

domingo, 16 de setembro de 2012



"E se eu te amasse na quarta?
Não te amarei na quinta.
Isto pode ser verdadeiro.
Por que você reclama?
Te amei na quarta sim, e daí?"

Edna Vincent Millay

em branco...

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Transcendendo


Homenagem e apologia aos olhares e sorrisos que simplesmente se vão... se esvaem nas várias incertezas e nos vários buracos existentes em nós.

Eles vêm e vão, assim, sutilmente num abraço de chegada e de partida...
Transcendendo...


Eu vejo a vida melhor no futuro... [8]

Tenho a sensação de que quando L. S. escreveu essa música ele deveria estar falando dos tempos de hoje... porém, ainda não está melhor, e eu tenho que ressaltar algo, o fato de ele - o tempo- nunca estar melhor é o que nos move para que aprendamos a viver da melhor forma...

Sem regras, sem amanhã, sem cadeados, sem almas encarceradas, sem corações manchados pelos questionamentos... Apenas momentos nos quais você não só possa, mas que sim você o faça de modo pleno, viver.

Parece, sim, somente mais um discurso de uma alma que andou se sentindo livre, todavia, eu posso falar que não... Não é somente mais um discurso vazio. É um discurso de liberdade,
liberdade às almas e aos sentimentos vastos que estancaram dentro de uma cadeia que nem valia a pena fazer existir,

Cadeias essas que nós criamos como desculpas da falta de estima relacionada viver. Aquela velha situação da espera, do amanhã, dos dizeres vagos que "amanhã nos salvaremos em meio à felicidade plena". Perdoe-me, mas eu não quero crer nisso mais, se isso for uma desculpa para simplesmente acatar ordens sequenciais ao mundo. Ordens de instituições, que sequer um dia a seguiram plenamente. Obviamente, não estou sendo aqui uma anarquista da vida. Só estou ressaltando que já não quero viver entre quatro paredes, nem em grades alienadas do saber e do viver de verdade.

E por isso, deixo aqui de certo forma meu respeito quanto às variáveis formas de viver e de amar... Colocando as asas à frente desses sentimentos de elevação do próprio ser.
Tendo em vista, aquilo que ele nunca foi porque se limitou no outro...

Que não haja mais limites que nos façam estancar, paralisar. Que a dor venha nos fazer viver, que a felicidade venha nos fazer viver, que a liberdade nos venha guiar para as melhores situações, sejam elas desde um simples sorrir para quem se quer até mesmo uma viagem de barco ou mesmo o pular de pará-quedas, se isso sim for liberdade para mim. Entenda, para mim, não necessariamente para você, lembrando que já não usamos algemas para encarcerar o nosso ser...

Exponho aqui, então, uma vertente que vai além, utilizando o máximo nível das teorias sobre o amor, o qual ninguém ainda conseguiu entender, por isso, também não conseguiram contemplar...

"Amor só dura em liberdade
O ciúme é só vaidade" [R.S.]

Então...


"Você dividiu comigo a sua história
E me ajudou a construir a minha
Hoje mais do que nunca somos dois
A nossa liberdade é o que nos prende

Viva todo o seu mundo
Sinta toda liberdade
E quando a hora chegar, volta..." [J. Q.]


Assim, fácil, como o voar de uma borboleta... antes, o despertar dela, depois o simples alçar vôos... Depois a total liberdade, hoje, o simples voar e planar para onde desejar sem explicar, sem necessitar voltar, ou passar a rota para outrem. O despertar em si e o nunca conhecer uma gaiola!