sexta-feira, 1 de abril de 2011

Sob a luz branca

Ao belíssimo som do início de "Nós que aqui estamos por vós esperamos", inicio meu post de hoje.

Diante de muitas discussões do meu eu com ele mesmo, hoje em uma conversa relevante no cursinho [algo difícil] cheguei a uma conclusão, que para mim, uma pessoa adepta da literatura e da história, ou seja pessimista, foi um próprio lisonjeio.

Diante de uma discussão sobre cursos, na qual eu me encontrava diante de três aspirantes a médicos, vi neles sonhos, desejos, interessantíssimos por sinal. Vi a fé dentro do verdadeiro homem, escutei o desejo verdadeiro de cada um e digo, conseguiram me comover.

Não. Eu não chorei... Porém as lágrimas estavam em meu interior como forma de respeito. O tempo em si me ensinou a respeitar aquilo que eu não tenho... Porém que hoje eu vi que necessito para viver...

Paulatinamente, eu fui querendo me encaixar em "n" formas de "n" jeitos diferentes, e não consegui, porque muitas vezes ao querer se encaixar, não achando o lugar "certo", você se deforma para entrar nele. E foi isso que eu fiz, ou ao menos tentei fazer de vários modos... Eu simplesmente não aceitava ser a "ovelha negra da família". Numa família progressista, eu andaria para atrás.

Mas, não era a isso que eu queria chegar...

Aonde eu queria chegar é: mesmo pessimista, truncátil, dispersa, inerente à realidade, eu já sei onde é meu lugar. Num conceito criado por mim msm.
Conversando com a Gabi, surge a questão do caos humano... eu me pronuncio:

O universo em si já se encontra no caos; o caos tão proclamado por Saramago, o ateu mais humano com toques do divino existente no século XX. Sim, ele procunciou o caos em luzes branca... Irônico, você pode pensar, mas não. É a pura verdade. Nós vivemos à luz do dia, e é sob ela que as maiores barbáries acontecem. O caos se faz existente no simples não escutar, ou mesmo olhar e não ver... A situação caótica está, hoje, entranhada no meio de nós. Como não dizer que não é caótico a existente de um milionário e de um palpérrimo que sobrevive com menos de um dóllar por dia?
A situação é caótica sim. PORÉM, NO ENTANTO, TODAVIA E GRAÇAS A ALGUÉM MAIOR do que todos nós, nesse planeta se fazem existentes homens capazes de enxergar o intangível. Faz-se presente no meio de nós pessoas que representam a face do Maior. E neles é que deponho toda a minha fé.

Daí a pergunta inevitável: "Mas você realmente acredita que o número dessas pessoas irão crescer no mundo?"

Sim, eu acredito. Eu tenho fé, e fé mais do que somente restrita à religião é uma palavra cotidiana. Ex: quando você põe um sapato que há muito está guardado, você inconscientemente tem fé de que nele não se encontra um bicho, escorpião por exemplo. Quando você espera o ônibus é uma atitude de fé. Você acredita que aquele ônibus virá, e ele vem. Então, eu tenho fé nessa mudança. Eu tenho fé que futuramente existirão muitos homens em uma dimensão diferente, com um olhar diferente, e esses homens estarão aqui na Terra, em seu corpo tangível, elevando-se .... E o que isso tem a ver com a situação caótica?

Tenho PARA mim que o CAOS será o responsável por esse reencontro conosco mesmos.
Será a partir do caos que o milionário em situaçao caótica interiorana, sozinho, depressivo, em uma situação de caos atacando o seu próprio psicológico, encontrar-se-á no pobre, que vive a situação caótica física; a fome, a falta de estruturas governamentais dando-lhes o apoio necessário, e assim por diante.

Nós, finalmente, conheceremos os verdadeiros espelhos nesse Planeta. O OUTRO. e Daí a inevitabilidade de levantá-lo. Pode ser que você pense no egoísmo, mas não. Será diferente. O olhar será diferente... e a prova disso é o que já está acontecendo no mundo...

Um exemplo que dei à Gabi foi: quando a A.Jolie foi filmar UM AMOR SEM FRONTEIRAS, ela se encontrou com seu espelho. Uma mulher aidética, sem a mínima condição de criar seus filho... A Angelina Jolie, então, se fez mãe daquela criatura, porque sabia que ela era a outra naquele momento, ela era o reflexo vivo naquele espelho.



Enfim, termino a postagem, agora, resgatando o início. Sou com certeza uma pessoa pessimista, amante da Literatura [a que sente, interroga e entrega o homem, lixo de si mesmo no realismo...], mas sou também HUMANA, amante da Literatura e da História, que mostra o homem em sua mais pura estrutura, um monte de erros almejando a acertos incertos quando pensando no próprio futuro. Repentinamente, já é passado... e ele nao se encontra mais consigo mesmo. Já é outro, já é outra à procura sei lá de quê... Mesmo assim, não cessa o caminhar... E de querer e querendo vive, muda e faz mudar.

SE JOÃO CABRAL DE MELO NETO ME PERMITE:

—— Severino, retirante,
deixe agora que lhe diga:
eu não sei bem a resposta
da pergunta que fazia,
se não vale mais saltar
fora da ponte e da vida
nem conheço essa resposta,
se quer mesmo que lhe diga
é difícil defender,
só com palavras, a vida,
ainda mais quando ela é
esta que vê, severina
mas se responder não pude
à pergunta que fazia,
ela, a vida, a respondeu
com sua presença viva.

E não há melhor resposta
que o espetáculo da vida:
vê-la desfiar seu fio,
que também se chama vida,
ver a fábrica que ela mesma,
teimosamente, se fabrica,
vê-la brotar como há pouco
em nova vida explodida
mesmo quando é assim pequena
a explosão, como a ocorrida
como a de há pouco, franzina
mesmo quando é a explosão
de uma vida severina.




[PÓS AULA DE LITERATURA QUE EU DEI, RS 01/04/2011]

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